Você sabe o que é Síndrome de Burnout? A Síndrome do fósforo queimado.

O seu trabalho deixou de ter aquele sentido de realização e propósito e se tornou tão exaustivo e desanimador que você não sente mais vontade para ir trabalhar?

Talvez você esteja apresentando os sinais da Síndrome de Burnout. Confira no artigo abaixo o que é Síndrome de Burnout, como prevenir e tratar.

Na infância, o sonho de Ana era ser enfermeira. Sonhava em cuidar das pessoas e ajudá-las a se sentirem melhor. Suas bonecas e bonecos faziam o papel de seus pacientes, colocava medicamento em suas bocas, fazia curativos, media a pressão, visitava os pacientes e lhes dizia palavras de carinho.

Quando se formou em uma universidade renomada de enfermagem, grande era a sua alegria: Agora sim,
poderia exercer profissionalmente o seu sonho. Lembra-se de seu primeiro emprego, foi em um hospital público, cujas condições de trabalho eram precárias, os plantões puxados, mas mesmo assim, exercia o seu papel de enfermeira com afinco e devoção.

Por algumas vezes mudou de emprego e na medida em que o tempo ia passando, algo dentro dela ia se quebrando. Aquela paixão pela enfermagem, aquele carinho pelo paciente e seu ânimo para o trabalho pareciam que lentamente estavam se apagando. Não demorou muito para que passasse a se sentir fatigada e sem ânimo para nada. As suas expectativas de realização pessoal através do exercício profissional estavam sendo frustradas.

O relato de Ana é muito semelhante ao de centenas de profissionais de várias outras atividades que sofrem por esgotamento no trabalho. Geralmente, esses profissionais iniciam suas carreiras com muitas expectativas, sonhos e querem dar o melhor de si e fazer alguma diferença naquele trabalho, transformando-o, grande parte das vezes, numa causa de vida.

Entretanto, muitas vezes as condições precárias, o excesso de trabalho, a falta de apoio por parte da instituição ou empresa, dentre outros fatores, podem ir minando e exaurindo as forças de muitos profissionais, levando-os a um cansaço avassalador, exaustão e perda de ânimo. É como se caíssem em um grande vazio existencial, cujo sentimento mais profundo é o de angústia e desejo de desistir.

Afinal, o que é a Síndrome de Burnout?

Herbert Freudenberger, psicólogo americano de origem alemã, foi quem em 1974 descreveu essa Síndrome pela primeira vez, ao observar o que acontecia com alguns profissionais do hospital onde trabalhava. A palavra “burnout” se compõe de “burn” (queima) e “out (exterior). Internacionalmente, a doença é representada por um palito de fósforo queimado.

“As pessoas apresentavam um processo gradual de desgaste do humor e/ou desmotivação, com sintomas físicos e psíquicos, como um estado de exaustão, em resposta ao estresse emocional crônico causado por atividades no trabalho, que envolviam um alto grau de contato com outras pessoas”. (Freudenberger, 1974).

Diante disso, é comum que pessoas com essa Síndrome passem a atuar com o “piloto automático ligado”, podendo tornar-se insensíveis aos problemas a sua volta como forma de sobrevivência emocional.

Portanto, a Síndrome de Burnout é uma perturbação psíquica de caráter depressiva, precedida de esgotamento físico e mental intenso, com alto nível de despersonalização e baixa realização profissional, definida por Freudenberger como “(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional”“.

A Síndrome de Burnout pode acometer professores, médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, operadores de telemarketing, balconista, executivos, profissionais de empresas privadas ou não. É um fenômeno que pode ocorrer em quase todas as profissões e tem como “denominador comum a relação direta entre o emprego e o estado de fadiga ou de cansaço do trabalhador”.

Um fator muito importante a ser observado também é o de que a pessoa com a Síndrome poderá apresentar comorbidade com outras patologias, como por exemplo, o abuso ou dependência ao álcool e outras substâncias ilícitas, depressão, suicídio, transtornos de ansiedade, dentre outras.

A OMS – Organização Mundial da Saúde, estabelece quatro dimensões relacionadas à Síndrome: Organizacional que é a estrutura e as condições de trabalho o qual o profissional se encontra, o trabalho em si, ou seja as suas atribuições e responsabilidades, a sociedade no qual o sujeito está inserido, como por exemplo, a família e finalmente o próprio indivíduo. Quando há um desconforto ou desequilíbrio em uma dessas dimensões, poderá ocorrer a Síndrome.

As estatísticas da Síndrome de Burnout demonstram um crescimento assustador no mundo todo. De acordo com dados da International Stress Management Association (Isma), 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com essa doença ocupacional. No Reino unido, a proporção é semelhante, onde um a cada três habitantes sofre com o problema. O mesmo ocorre na Alemanha, onde 8% da força de trabalho apresentam sinais da Síndrome. Tais estatísticas, claro, trazem prejuízo à saúde e à economia. De acordo com o Instituto Isma (2010) só no Brasil, a falta de produtividade causada pelo esgotamento físico e emocional provoca prejuízo de 3,5% no PIB (Produto interno Bruto), ou seja, ficando evidente que o problema é uma questão de saúde pública e deve fazer parte da pauta de preocupação dos governos, empresas e sociedade como um todo.

Como prevenir a Síndrome de Burnout?

Alguns comportamentos ou ações podem lhe ajudar a prevenir a Síndrome, como por exemplo:

• Realize atividades para aprofundar o seu autoconhecimento: Através do autoconhecimento você poderá compreender melhor os seus sentimentos, pensamentos, sensações e poderá se tornar uma pessoa mais segura de si mesma, consciente do que deseja e precisa, podendo tomar decisões e fazer escolhas de forma mais consciente e ajustada aos seus valores de vida.

• Aprenda a dizer não: Dizer não em algumas situações para aquilo que você não quer ou não gostaria de fazer é fundamental para não se sobrecarregar e se frustrar. Quando dizemos sim para o outro querendo dizer um não, estamos na verdade dizendo um não para nós mesmos e acabamos carregando aquela sensação de mal estar e muitas vezes de raiva por ter aceito aquilo que não queríamos ter aceito. O que fazer? Se dizemos não, vem a culpa, se dizemos sim, vem a frustração. Avalie a situação, verifique o valor do sim e o valor do não, pondere e decida.

• Realize atividades que lhe tragam prazer: O que lhe traz prazer e é capaz de causar aquela sensação de tranquilidade e paz interior? Descubra e pratique.
• Invista na relação com as pessoas: Esteja com seus amigos, fortaleça os seus vínculos. As amizades são fundamentais para trazer alegria e leveza para a vida. Cultive os laços familiares. Ame como se não houvesse amanhã.

• Faça meditação: Meditar ajuda a alcançar a consciência e a atenção plena, fatores essenciais para uma vida mais equilibrada. Contemple a natureza.

• Cuide de sua vida espiritual: Não me refiro aqui a uma espiritualidade vinculada a alguma religião. Não necessariamente! Refiro-me a importância do cultivo da sua interioridade para o encontro do seu sentido de vida e conexão com o todo.
• Saiba separar a vida pessoal da vida profissional: A vida profissional é uma pequena contribuição que podemos oferecer à vida como um todo, portanto, não faça dela o seu único objetivo.
• Respeite o seu corpo: Alimente-se de acordo com as suas necessidades, hidrate-se, pratique exercícios físicos, conecte-se consigo mesmo.

• Faça psicoterapia: A psicoterapia irá lhe ajudar a alcançar um maior autoconhecimento e identificação dos seus reais desejos e necessidades, além de lhe instrumentalizar para buscar uma maneira adequada de colocar os comportamentos sugeridos acima, em prática.

Como tratar a Síndrome de Burnout?

• Ajuda do médico psiquiatra: Dependendo do grau em que se encontra a Síndrome, é fundamental a ajuda de um médico psiquiátrico, que poderá lhe prescrever uma medicação adequada ao seu estado psíquico.
• Psicoterapia: Paralelamente a ajuda do médico psiquiátrico, é imprescindível que você faça psicoterapia, como forma de entender as causas da doença e suas manifestações, bem como outros fatores de sua vida que o torna vulnerável ao sofrimento psíquico e físico.
• Tratamento e as ações de prevenções descritas acima: Todas as prevenções descritas acima poderão lhe fortalecer e lhe auxiliar na conquista de uma vida mais saudável

 

Bibliografias:
Almada, Roberto. O Cansaço dos Bons: A Logoterapia como alternativa ao desgaste profissional, 3ª Edição, São Paulo – Cidade Nova, 2013
Cerdeira, Denilson de Queiroz. Sindrome de Burnout, 1ª Edição, São Paulo, Andreoli, 2017
Revista Galileu – Burnout: você pode estar sofrendo da síndrome da exaustão

 

Bernadete Mafra
Psicologia Clínica, Organizacional, Coach e Orientação Profissional-Vocacional
Fone/WhatsApp: (11) 99775-1906
E-mail: bernadetemafra@yahoo.com.br
https://www.facebook.com/bernadetemafra.com.br/

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